Decorreu na noite de 27 de Outubro na Cinemateca Nacional a sessão pública comemorativa do dia Mundial do Património Audiovisual (UNESCO), mobilizando, até à 1 da manhã, algumas dezenas de interessados – com destaque para técnicos de todas as cadeias de televisão e de outros organismos que integram já o renovado Grupo de Trabalho de Arquivos Audiovisuais da BAD – os quais participaram ativamente no debate que se seguiu às intervenções anunciadas. Destas, após um curto programa de 30mm com a projeção de interessantes filmes antigos restaurados pelo ANIM, destaca-se a intervenção de Guilherme Oliveira Martins, Presidente do Centro Nacional de Cultura, que fez uma criteriosa e fundamentada defesa da necessidade e da urgência na salvaguarda e da preservação deste património do País – não obstante as acrescidas dificuldades da crise financeira que lhe não podem servir de desculpa – as quais devem ser entendidas como uma prioridade a assumir por todos, políticos, decisores aos vários níveis, especialistas e público em geral, sob risco de ele poder vir a perder-se inexoravelmente, se se adiar por mais tempo a decisão de agir. Isso obrigará a mobilizar consideráveis mas indispensáveis recursos financeiros e as esclarecidas vontades da comunidade nacional que tem vindo progressivamente a reconhecer o enorme perigo, aqui e agora mais uma vez registado.
Depois de Paula Santos, Presidente da BAD, ter realçado o papel da Associação que, desde 1992 e na sequência das recomendações dos organismos internacionais sobre essa matéria, nela tem procurado intervir positivamente, embora com intermitências, abordou ainda a atual intensificação desses esforços.
Após as intervenções dos representantes da parceria que organizou esta iniciativa, seguiu-se uma autêntica lição do Jornalista Joaquim Furtado que nos deu o testemunho de um grande profissional, enquanto persistente utilizador daquele tipo de arquivo e do escrupuloso critério que isso naturalmente exige, o que nem sempre é respeitado. José Manuel Costa, Subdiretor da Cinemateca Nacional – Museu do Cinema, anfitrião do evento, equacionou então vários aspectos da problemática da preservação e salvaguarda do nosso património fílmico e das questões que lhes trouxe a revolução digital.
Do animado debate que se prolongou entre os membros da mesa e com a audiência envolvendo, como já referido, vários membros do Grupo de Trabalho da BAD, são ainda de realçar as informações de Pedro Penteado sobre o trabalho já em curso na Associação, bem como sobre a política da DGARQ nessa matéria específica, sobretudo nas questões da preservação digital, assim como as várias e judiciosas intervenções do realizador de cinema António Pedro de Vasconcelos, o qual a terminar recomendou à Cinemateca que se comprometesse a continuar a debater, numa série de sessões deste tipo e com os especialistas ali presentes, as várias questões abordadas e que nitidamente necessitavam de um maior aprofundamento, desafio que foi aceite de imediato.