O Arquivo Distrital de Faro foi legalmente criado em 1965, com o Decreto-Lei n.º 46 350 de 22 de maio, tendo aberto as portas ao público a 16 de setembro de 1970.
Desde a sua fundação o Arquivo Distrital distinguiu-se na defesa do Algarve, tanto na sua vertente de salvaguarda do património arquivístico e informacional, como constituindo-se na sua grande memória administrativa e histórica, além do contínuo apoio os arquivos das instituições algarvias.
Como exemplo mais recente temos a transferência para os depósitos do Arquivo Distrital de Faro do “Arquivo da Fábrica de Cortiça de Silves”, com o objetivo de salvaguardar e manter a integridade do fundo arquivístico.
O Arquivo Distrital de Faro, como representante da Direção Geral de Arquivos (DGARQ) no Algarve, após uma visita de trabalho, 11 de maio de 2012, ao arquivo da Fábrica de Cortiça de Silves, acompanhado pelo responsável do Museu, Manuel Ramos, que desde a primeira hora cooperou ativamente com o Arquivo Distrital, pude confirmar a importância do seu acervo documental para a história da indústria da cortiça desde o século XIX e para a região, a fábrica foi inaugurada a 2 de janeiro de 1894 com o nome comercial de “Avern, Sons e Barris”. Deste modo e tendo em conta os momentos conturbados que a empresa atravessava e atravessa, com a iminência da sua insolvência, existia um perigo real para a integridade do fundo arquivístico, além de que as condições físicas, tais como a temperatura, humidade, o pó e até os bibliófagos, ameaçavam degradar os documentos de forma irremediável.
Assim a DGARQ (1), através do Arquivo Distrital de Faro, propôs um Protocolo de Depósito do Arquivo da Fábrica da Cortiça, até que as condições de preservação e integridade do fundo arquivístico voltassem a restabelecer-se em Silves, a que o administrador, José António Fernandes da Silva, da Fábrica do Inglês – Gestão de Empreendimentos Imobiliários e Turísticos, S.A., colaborou imediatamente em nome da preservação desse importante património arquivístico.
A Câmara Municipal de Silves, em cooperação com o Arquivo Distrital de Faro, teve um papel importante nos trabalhos de salvaguarda dos documentos que decorreram nos dias 29 e 30 de maio de 2012, não só pelo transporte dos mesmos para o Arquivo Distrital, como pela participação das técnicas do Arquivo Municipal de Silves, que foram essenciais para que a transferência do fundo arquivístico da Fábrica de Cortiça para o Arquivo Distrital de Faro fosse efetuada de uma forma eficiente e segura.
1) Tem como missão, segundo o n.º 1 do Art.º 2.º do Decreto-Lei n.º 93/2007, de 29 de março, promover a salvaguarda do património arquivístico, e que pode, com a competência conferida pelo n.º 3 do art.º 16.º da Lei 107/2001, de 8 de setembro, Lei de bases do regime de proteção e valorização do património cultural, desenvolver medidas cautelares sobre património cultural com valor relevante não classificado nem inventariado.
João Sabóia