Desde 2019 que o mundo é marcado pela pandemia COVID-19. Esta condicionou a vida das pessoas e exigiu adaptações em diversos parâmetros. Olhando para essas mudanças, podemos também verificar novas oportunidades, nomeadamente o uso das novas tecnologias foi crescente. Se isto se verificou em diversas áreas, o património cultural não foi exceção.

No entanto, não apenas com a pandemia o digital se revelou importante para o património cultural. Ao longo dos anos, vários acontecimentos têm vindo a demonstrar esta relevância crescente (catástrofes naturais, degradação, furtos). Estas situações exigiram novas formas de garantir a preservação e foi assim que as novas tecnologias se prefiguraram como solução viável para o património cultural.

Revelando-se um tema tão atual e em desenvolvimento, foi elaborada uma Dissertação[1], no âmbito do Mestrado em Património, que permitisse compreender até que ponto é utilizada ou pode ser utilizada a imagem digital para as diversas áreas do património cultural: património móvel em contexto museológico, património documental em bibliotecas e arquivos, património imóvel e património imaterial. As utilidades da imagem digital foram definidas em duas funções: preservação e divulgação.

Isto permitiu compreender, de uma forma teórica, quais as potencialidades e quais as limitações que a imagem digital representa para o património cultural. De forma a entender estas conclusões num âmbito mais específico, foram selecionados três projetos europeus que englobassem diferentes tipos de património, sendo um deles português: RomArchive, the Digital Archive of the Roma, Prehistoric Picture Project. Pitoti: Digital Rock-Art e Biblioteca DigiTile – Azulejaria e Cerâmica online.

De forma a investigar todas estas questões, a Dissertação engloba:

  • Capítulo Introdutório em que se procura entender que contextos proporcionaram a articulação entre a imagem digital e o património, bem como é que esta articulação se manifestou a nível da Comissão Europeia e em Portugal;
  • Estado de Arte, onde se reuniram várias contribuições bibliográficas para perceber de que forma foi evoluindo a relação entre as tecnologias digitais e o património cultural e como e quando é que se foi incorporando nas diversas áreas do património, nomeadamente através de iniciativas e programas em diversos países europeus;
  • Análise das políticas e estratégias europeias entre 1997 e 2019, com o intuito de procurar as tendências e evoluções que a digitalização representou para o património cultural e, posteriormente, os dados estatísticos recolhidos na plataforma ENUMERATE verificam até que ponto estas foram aplicadas e porquê, direcionando-se ainda para os contextos alemão, português e inglês, nomeadamente destacando as políticas e estratégias de algumas das suas instituições responsáveis pelo património cultural;
  • No panorama mais geral e teórico, o surgimento da imagem digital para cada uma das áreas de património cultural abordadas, caraterísticas da sua utilização a nível da preservação e da divulgação, entraves que possam limitar as suas vantagens e oportunidades profissionais e as necessidades ao nível de desenvolvimento de competências e formação;
  • No âmbito mais específico, três estudos de caso: RomArchive, the Digital Archive of the Roma, Prehistoric Picture Project. Pitoti: Digital Rock-Art e Biblioteca DigiTile – Azulejaria e Cerâmica online são brevemente apresentados e estudados a partir da sua organização, estrutura, descrição, associação com outros conteúdos relacionados e acessibilidade. São também salientadas algumas limitações apresentadas nos projetos, bem como sugestões de melhorias.

Em síntese, esta Dissertação procura contribuir para o estudo da evolução, potencialidades e limitações de uma realidade que se encontra em desenvolvimento e crescente implementação: a imagem digital para o património cultural, permitindo perceber o trabalho desempenhado até à atualidade e o que poderá ainda ser estudado e melhorado.

Margarida Santos,  Mestre em Património

[1] SANTOS, Ana Margarida Morais dos, 2021. A Imagem Digital para a Preservação e Divulgação do Património Europeu. Mestrado. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Disponível em: http://hdl.handle.net/10362/121645.

Ana Margarida Morais dos Santos é mestre em Património (2021) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A sua Dissertação de Mestrado intitula-se A Imagem Digital para a Preservação e Divulgação do Património Europeu.
Licenciada em História (2018) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Participou como voluntária nos Ciclos de Seminários “Arquivos de Família & Investigação” (2017-2018), organizados pelos centros de investigação Instituto de Estudos Medievais, Centro de Humanidades e Instituto de História Contemporânea, sob coordenação da professora Maria de Lurdes Rosa e Rita Nóvoa.

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