Realizou-se, na Biblioteca Municipal de Beja – José Saramago, no dia 3 de novembro de 2016, o 1.º Encontro BAD ao Sul: experiências e desafios, que atingiu plenamente o seu objetivo de reunir profissionais dos arquivos e bibliotecas do Alentejo e Algarve, para apresentarem práticas, reflexões e projetos de interesse comum.
A troca de experiências foi possível não só com as apresentações 24×7, subordinadas aos temas Do papel ao Digital e Dinamização cultural, como com a discussão que se gerou no Painel Conhecer e desafiar e nos Grupos de Discussão Boas práticas de marketing para bibliotecas e arquivos: o exemplo da campanha “Somos Bibliotecas” e Estratégias para o Sul: orientar bibliotecas e arquivos para a ação.
Do conjunto das intervenções, que foram diversificadas em temáticas, experiências e abordagens, destaca-se a dinâmica das bibliotecas e arquivos que, com a perspetiva de melhorar os serviços às comunidades, encontram soluções inovadoras que contribuem para uma melhor resposta às necessidades dos seus utilizadores e deram origem às seguintes conclusões:
Do papel ao digital
Afirma-se a evolução das competências dos arquivistas e bibliotecários, para responder aos novos desafios colocados pelas necessidades das comunidades atuais, das organizações e dos seus sistemas documentais. Salienta-se a importância do trabalho em equipas multidisciplinares e do desenvolvimento de redes e de parcerias.
Os sistemas de gestão documental são essenciais para armazenar, recuperar eficazmente, mas também desmaterializar os processos e agilizar as interações entre a administração e os cidadãos. O que promove a dinamização dos arquivos e o acesso à informação por parte das comunidades, a preservação e divulgação da memória coletiva e da história dos municípios e do país.
A criação de uma biblioteca pública digital portuguesa (BPDP) surge como oportunidade de valorizar os espólios bibliográficos, iconográficos e outros, tornando-os acessíveis a todos, especialmente a pessoas com necessidades especiais, que podem beneficiar da mediação das novas tecnologias. Preconiza-se uma política digital comum, adequada à realidade das bibliotecas públicas portuguesas, em que todas contribuiriam para a BPDP, reunindo sinergias para disponibilizar conteúdos de forma normalizada, apelativa, dinâmica e inovadora.
As redes sociais definem-se como canais essenciais de comunicação com as comunidades, mais próximas ou mais distantes, onde a presença das bibliotecas e arquivos é necessária para acompanhar as tendências dos seus utilizadores, alimentando o seu interesse e curiosidade, respondendo ou antecipando necessidades, mantendo ligações, tornando-se viral e global, de forma rápida, eficaz e económica.
Dinamização cultural: serviço à comunidade; que comunicação; boas práticas; cooperação entre bibliotecas, arquivos e centros de documentação
As bibliotecas promovem atividades que visam a inclusão social de todos os utilizadores, com necessidades especiais, de diversos níveis etários através da promoção da leitura, visando combater o isolamento e as diferenças
As atividades culturais são forma de intensificar o relacionamento com as comunidades e é vantajoso que sejam utlizadas como meio de preservação e divulgação de espólios documentais.
É relevante empreender estudos sobre os serviços prestados às comunidades e conhecer a sua perspetiva sobre a qualidade dos serviços, necessidades de informação, grau de satisfação na interação com as bibliotecas e arquivos.
Painel: Conhecer e desafiar
Percebemos que o suporte digital criou uma série de oportunidades a estes profissionais, principalmente ao nível da difusão da informação, da divulgação de projetos, da preservação e conservação dos documentos e da implementação de políticas que visam a modernização administrativa.
No geral todos os profissionais da informação estão conscientes que esta alteração de paradigma é positiva, no entanto será necessário definir estratégias e limites das intervenções que visem a desmaterialização de documentos físicos, e organizar e normalizar procedimentos para assegurar a preservação e fidedignidade dos documentos nado digitais, só assim será possível potenciar ao máximo as vantagens do suporte digital.
Grupo 1 – Boas práticas de marketing para bibliotecas e arquivos: o exemplo da campanha “Somos Bibliotecas
Está a decorrer a campanha “Somos bibliotecas” cujo objetivo é a promoção das bibliotecas públicas. A materialização desta campanha encontra-se disponível numa página web, destinada ao público em geral. As principais valências desta página web são: a) Mapa que mostra a cobertura nacional de bibliotecas públicas, salientando a proximidade destes serviços; b) Calculadora que permite aferir quanto se poupa com a frequência e utilização dos serviços da biblioteca pública; c) Petição de suporte ao desenvolvimento destes serviços públicos; d) Manifesto que analisa os pontos fracos e fortes e define objetivos claros de atuação das bibliotecas públicas.
Grupo 2 – Estratégias para o Sul: orientar bibliotecas e arquivos para a ação
Constatou-se que atualmente há uma tendência crescente para a criação de redes nas áreas de arquivo e biblioteca. Salienta-se, neste contexto, a necessidade do apoio do órgão tutelar (DGLAB) como intermediário e facilitador, da Gestão de Topo (Executivos) e das Comunidades Intermunicipais no sucesso e continuidade dos mesmos.
Da discussão que se gerou pode-se concluir que Arquivistas e Bibliotecários partilham dos mesmos problemas e dificuldades e que as redes contribuem para combater o isolamento profissional e dar mais visibilidade às instituições e aos profissionais
A grande adesão e participação dos colegas esteve acima das expetativas da Comissão Organizadora, infelizmente não foi possível acolher todos os pedidos de inscrição, e perspetiva-se já a organização de um 2º Encontro BAD ao Sul, a ter lugar em 2017, em S. Brás de Alportel.