Cerca de 70 especialistas de todo o mundo participaram na conferência realizada em Edimburgo, de 5 a 7 de Junho, após a qual decorreu de 9 a 11 de Junho o encontro técnico destinado à troca de experiências e desenvolvimento de funcionalidades do KOHA.
Estiveram presentes alguns dos principais dinamizadores (Chris Cormack, Paul Poulain, Kyle Hall e Nicole Engard) que encontramos muitas vezes no IRC, bem como a maioria dos que estão envolvidos nos desenvolvimentos actuais, colaboradores das empresas que dão suporte técnico ao KOHA – BIBLIBRE (França), CATALYST IT (Nova Zelândia, Austrália e Reino Unido), SOFTWARECOOP (Reino Unido), PTFS-EUROPE ( Reino Unido), BYWATER(USA) e CALIX(Austrália).
Entre os participantes estavam maioritariamente utilizadores europeus (Reino Unido, Itália, Suiça, Holanda, Noruega, Croácia, França, Alemanha e Portugal) mas também de outros continentes, bibliotecários e especialistas em KOHA. A apresentação inicial feita por Paul Polain mostrou como a versão 3.8 atingiu uma maturidade que permite responder a muitas das expectativas da comunidade. Seguiram-se as apresentações que abordaram as experiências de várias instituições com a implementação do KOHA e das migrações realizadas.
O uso do software livre e a integração com vários produtos destinados a disponibilizar a informação na WEB 2.0 foram outros dos temas que mereceram o interesse dos participantes. Uma das principais preocupações de toda a comunidade, expressa em diversas comunicações, foi a melhoria da governação do projecto com interessantes acções previstas, novos desenvolvimentos, resolução de falhas e melhoria dos procedimentos de controlo de qualidade.
O encontro técnico que se seguiu permitiu aprender alguns segredos e truques que, apesar de estarem documentados, só são possiveis descobrir quando se está com quem mais sabe e nos ensina a tornear os problemas. Muitas novidades técnicas permitem melhorar o desempenho global, nalguns casos até 150%, disponibilizar o catálogo na WEB através da ligação a sistemas de gestão de conteúdos (DRUPAL), redefinir o aspecto gráfico do KOHA, novas formas de pesquisa e utilização do protocolo SRU para procuras federadas. Mas de tudo o que melhor se constatou foi como este grupo se disponibiliza para partilhar o que sabe, sem qualquer reserva, ajudando todos a progredirem.
Da informação recolhida, durante os dias da conferência e do trabalho prático, constatamos que se trata de uma comunidade com grande vitalidade onde as questões técnicas são abordadas com dedicação e profissionalismo mas que tem sempre presente a solidariedade e o espirito de partilha e cooperação.
Será muito dificil encontrar empresas comerciais que possam integrar equipas de desenvolvimento desta dimensão, espalhadas por três continentes, garantindo que em qualquer parte do mundo existe suporte técnico personalizado, para além da permanente acessibilidade aos forums disponíveis.
Uma reflexão final, quando Portugal atravessa tantas limitações financeiras, tem a ver com a viabilidade dos orçamentos futuros das bibliotecas continuarem a incluir as verbas necessários para os actuais contratos de manutenção bem como o pagamento de novas melhorias. As próprias empresas fornecedoras atravessam dificuldades que as podem levar algumas a sair do mercado e, neste caso, como se irão manter em funcionamento os actuais programas?
Quando se fala em programas de código aberto estamos também a falar do acesso aos dados e, em particular, da maior ou menor facilidade na migração para outros sistemas. Para além dos custos de licenciamento e manutenção o software comercial apresenta ainda um custo acrescido, talvez o maior, quando se tem de migrar toda a informação. Podemos estar perante questões criticas que merecem uma decisão estratégica e urge identificar para não sermos surpreendidos em qualquer momento.
Por tudo isto e quando a WEB 2.0 é uma realidade que se deseja atingir, aqui fica a notícia de uma possivel alternativa para as bibliotecas portuguesas.
Rafael António