Pensar o Museu como um centro de produção de conhecimento, assumir o objeto de museu como documento e o acervo da instituição museológica, existente nas Reservas, Exposições, Arquivo, Biblioteca, como um todo unitário nas suas inter-relações informacionais, implica uma visão integradora do acervo do Museu e coloca o enfoque nas potencialidades informativas do mesmo. Deste novo olhar resultam contributos para uma mais eficiente gestão de toda a informação sobre património, produzida em contexto museológico. As possibilidades e facilidades do uso dos computadores e das tecnologias de informação e comunicação nas Instituições de Memória para gerir os acervos, aproxima, integra e articula bibliotecas, museus e arquivos, ao exigir metodologias, formatos, técnicas e tecnologias de processamento comuns para um amplo intercâmbio de dados. O trabalho, pluridisciplinar e conjunto, dos profissionais apresenta uma nova atitude no desenvolvimento de visões convergentes para a gestão da informação sobre o acervo patrimonial das Instituições.
A nível internacional este assunto é discutido nas organizações: como a IFLA – International Federation of Library Associations and Institutions, 1927; o ICOM – International Council of Museums, 1946; e o ICA – International Council on Archives, 1948. Estas organizações promovem políticas para as Bibliotecas, Arquivos e Museus, através de vários grupos de trabalho específicos, que trabalham na criação e utilização a nível mundial, de um conjunto de linhas de orientação para o registo e gestão da informação do património cultural. As organizações internacionais: IFLA (bibliotecas), ICA (arquivos), ICOM (museus), do ICOMOS (monumentos e sítios) e CCAAA (arquivos audiovisuais), acordaram em intensificar a cooperação entre as suas organizações de modo a terem uma agenda comum para a salvaguarda do património cultural. [i] Em Portugal a DGLAB e a DGPC transportam e adaptam para a realidade portuguesa as diretrizes destas organizações internacionais.
Na IFLA o Grupo de Trabalho LAM partilha estas preocupações como muito bem expressa esta reflexão que nos diz:
“As pessoas desde longa data têm reunido coleções, as mesmas podem ser informais, mas quando se tornam institucionalizadas e mantidas ao longo do tempo, são tipicamente referidas como bibliotecas, arquivos e museus. Há boas razões porque as bibliotecas, arquivos e museus tomaram caminhos separados, mas a era da informação resultante de novas tecnologias de informação e comunicação, junta-as como nunca aconteceu antes. (…) Em última análise, argumentamos que as diferenças entre os mundos separados das bibliotecas, arquivos e museus, deviam ser subordinadas à emergente necessidade de fortalecer o que chamamos de infraestrutura epistémica da economia baseada no conhecimento, através de uma nova visão do colecionismo e das coleções.”[ii]
No relatório (IFLA Professional Reports: 108) as bibliotecas, arquivos e museus são apontados como parceiros naturais para a colaboração e cooperação entre si, na medida em que muitas vezes servem uma mesma comunidade, de maneira semelhante. Bibliotecas, arquivos e museus apoiam a aprendizagem ao longo da vida, preservam o património comum, e facultam o acesso à informação.[iii]
Na esfera destas preocupações também o Comitê Internacional de Documentação do Conselho Internacional de Museus visa promover um entendimento partilhado de informação sobre o património cultural. Assim, apresenta um quadro semântico comum e extensível onde a informação sobre o património cultural pode ser mapeado. O CIDOC – CRM destina-se a ser uma linguagem comum para os sistemas de informação e guia de boas práticas de modelação conceptual. Desta forma, fornece a “cola semântica” necessária para mediar as diferentes fontes de informação do património cultural: museus, bibliotecas e arquivos.[iv] Dentro do ICOM importa apresentar o Comitê Internacional de Museologia (ICOFOM) responsável por pesquisar, estudar e difundir as bases teóricas da museologia como disciplina científica independente, este analisa criticamente, as principais tendências da museologia contemporânea. Em 2015 o 38th ANNUAL ICOFOM SYMPOSIUM propõe como tema: Museology exploring the concept of MLA (Museums-Libraries-Archives).[v]
Neste contexto, o Grupo de Trabalho Sistemas de Informação em Museus – GT-SIM apresenta-se, desde 2012, como um dos grupos de trabalho da BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, reunindo em torno de um objetivo comum, um leque de profissionais de informação: museólogos, bibliotecários e arquivistas. A necessidade de criação deste grupo no âmbito da BAD prende-se com a urgência de resposta aos atuais desafios que se colocam diariamente aos profissionais dos museus ligados à gestão de acervos: museológicos, arquivísticos e biblioteconómicos. A sua atividade está organizada em cinco linhas de ação que cumprem trabalho para concretizar os objetivos estratégicos do Grupo, que passam por fomentar a reflexão e contribuir para o desenvolvimento de sistemas integrados de informação nos museus, tendo em vista a adequada gestão, recuperação e partilha da informação dos bens patrimoniais. Assim, o GT-SIM tem como principal propósito: disponibilizar a todos os profissionais informação, formação, materiais de trabalho, entre os quais metodologias, procedimentos, e bibliografia nacional e internacional.
Um trabalho em progresso na BAD, possível com a generosidade, conhecimento, saber, tempo, entusiasmo e vontade de todos os membros ativos das linhas de ação do GT-SIM, e aos que escolhem o Notícia BAD para publicar as suas reflexões, estudos, projetos, partilha de experiências e práticas profissionais em benefício da Gestão da Informação dos acervos patrimoniais portugueses.
- Coordenação: Conceição Serôdio – conceicaoserodio@gmail.com
- Divulgação: Fernanda Ferreira – fernandamaria@netcabo.pt
- Mailing list: gt-sim@lists.bad.pt
- Notícia BAD: https://noticia.bad.pt/category/informacaomuseus/
- Facebook: https://www.facebook.com/#!/groups/SistemasInformacaoMuseus/
- Inscrição no Grupo: http://www.apbad.pt/Seccoes/Seccoes.htm
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[i] Gwinn, N. (2009). LAMMs and international collaboration. Paper presented at Scientific Symposium: Changing World, Changing Views of Heritage: the Impact of Global Change on Cultural Heritage: Technological Change, 7 October 2009, Valletta, Malta. Retrieved from http://www.international.icomos.org/adcom/malta2009/pdf/ADCOM_200910_SYMP_1_Documentation_Nancy_Gwinn.pdf (Archived by WebCite at http://www.webcitation.org/6GlFLwr4F).
[ii] Hedstrom, M.L. & King, J.L. (2002). On the LAM: library, archive, and museum collections in the creation and maintenance of knowledge communities. Paris: Organization for Economic Cooperation and Development. Retrieved from http://www.oecd.org/dataoecd/59/63/32126054.pdf (Archived by WebCite at http://www.webcitation.org/6GlFQ4bkA).
[iii] http://www.ifla.org/publications/ifla-professional-reports-108; http://www.lemproject.eu/library/books-papers/public-libraries-archives-and-museums-trends-in-collaboration-and-cooperation
International Federation of Library Associations and Institutions. IFLA Professional Reports, No. 108. Public Libraries, Archives and Museums: Trends in Collaboration and Cooperation. Alexandra Yarrow, Barbara Clubb and Jennifer-Lynn Draper for the Public Libraries Section Standing Committee, 2008.
[iv] http://www.cidoc-crm.org/
The CIDOC CRM is intended to promote a shared understanding of cultural heritage information by providing a common and extensible semantic framework that any cultural heritage information can be mapped to. It is intended to be a common language for domain experts and implementers to formulate requirements for information systems and to serve as a guide for good practice of conceptual modelling. In this way, it can provide the “semantic glue” needed to mediate between different sources of cultural heritage information, such as that published by museums, libraries and archives.
[v] http://network.icom.museum/fileadmin/user_upload/minisites/icofom/pdf/ENG_ICOFOM_2015_CALL_FOR_ABSTRACTS.pdf
38th ANNUAL ICOFOM SYMPOSIUM – Museology exploring the concept of MLA (Museums-Libraries-Archives)In a world where social relations and knowledge are more and more mediated by data, institutions like museums, libraries and archives recognized for conveying information and sometimes transforming it have been confronted with the role of enabling individuals’ access to information and information literacy. Museums, libraries and archives are institutions that create, maintain and alter different kinds of information systems for their specific purposes.