
Conhecida como “Casa Preta”, tal como a cor que a reveste, este equipamento exterior do Centro de Artes de Sines foi sofrendo, ao longo do tempo, danos que importava reparar. Para além desta razão pragmática, o recente projecto artístico tem outros desígnios que o tornam relevante para a cidade. Homenagear o poeta Al Berto é um deles, bem como comemorar o Dia Mundial do Livro, que aconteceu dia 23 de Abril, e celebrar o 25 de Abril. Por outro lado, numa perspectiva mais ampla, diz-nos Gaspar Matos, responsável pela Biblioteca Municipal, era fundamental “pôr a Biblioteca a comunicar com o público”.


A Biblioteca Municipal de Sines e o espaço público
Para lá desta iniciativa artística, que outras intervenções em espaço público têm sido realizadas pela Biblioteca Municipal de Sines (BMS)?
Gaspar Matos, bibliotecário e responsável pela BMS: Temos o hábito de realizar actividades na rua, sempre que possível. É o caso do Dia da Mulher, em que espalhamos poemas alusivos à Mulher pelas montras da cidade; do Festival Músicas do Mundo, a que nos associamos em iniciativas paralelas como o “Contos de Tantos Mundos”, actividade de narração de tradição oral realizada na rua; e é também o caso da actividade “Do Chão Brotam Palavras”, sempre no mês de Abril, que consiste numa instalação, em grandes dimensões, de um texto poético ou em prosa, na entrada da Biblioteca – na rua, uma vez mais –, seja sob a forma de um excerto do FMI de José Mário Branco, de uma passagem do Levantado do Chão, do Acordai de Fernando Lopes-Graça ou de um texto de José Luís Peixoto sobre a não resignação.
Que importância têm essas actividades e essa “filosofia” de intervenção pública para a BMS?
GM: Estas iniciativas são importantes porque a BMS, ao contrário de grande parte das bibliotecas municipais nacionais, está integrada em algo maior, o Centro de Artes de Sines. Apesar de ser uma das maiores contribuidoras para o afluxo de públicos neste Centro, precisava – e precisa – de se afirmar como equipamento distinto dos demais. No entanto, não significa isto que se demita da sua função de trabalhar com as restantes valências. Pelo contrário, colabora e maximizam-se mutuamente, e isso é extraordinário.