O júri do Prémio Raul Proença anunciou que a vencedora da edição de 2014 é Sílvia Isabel Pinto Cardoso, que concorreu com um trabalho intitulado “Óculos, coque e shhh! Um olhar sobre a auto-imagem e o estereótipo do bibliotecário em Portugal”, que já se encontra disponível no Repositório da Universidade Portucalense.
O júri, presidido por Alexandra Lourenço, presidente da BAD, Rosa Midões Domingues, em representação da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, José António Calixto, vogal do Sector editorial da BAD, Carlos Guardado da Silva e Carlos Alberto Lopes, profissionais e investigadores nomeados nos termos do regulamento pelo Conselho Técnico da Associação, deixou em ata a seguinte apreciação do trabalho premiado:
O júri considera o estudo pertinente e atual com uma abordagem qualitativa inovadora no contexto nacional, fazendo uso de uma escrita cuidada. Trata-se de um trabalho equilibrado em termos formais e de conteúdo, e bem estruturado. O tema tem uma importância crescente para a imagem social da profissão, podendo abrir caminhos a trabalhos de outra amplitude.
Sílvia Cardoso é, desde 2010, responsável pela Biblioteca da Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria, no Porto, cidade de onde é natural e em cuja Faculdade de Letras se licenciou em História. É pós graduada em Ciência da Informação variante Bibliotecas e Centros de Documentação pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique, e mestre em Educação e Bibliotecas pela mesma instituição. Faz atualmente estudos de doutoramento em Ciência da Informação na Universidade de Coimbra.
Especialmente para o Notícia BAD, Sílvia Cardoso escreveu o texto abaixo, como reação à atribuição do Prémio.
Foi com grande emoção que recebi a notícia de ter sido atribuído o prémio Raúl Proença, edição 2014, ao trabalho desenvolvido para a minha dissertação de mestrado, intitulado “Óculos, coque e shhh! Um olhar sobre a auto-imagem e o estereótipo do bibliotecário em Portugal”.
Não é por acaso que, em tom de brincadeira, este mesmo prémio foi equiparado a um nobel nacional da ciência da informação por um colega de profissão que tanto estimo. Este é sem dúvida o maior reconhecimento que pode ser atribuído à investigação nacional nesta área.
E é com muito apreço, que desta humilde forma, agradeço o reconhecimento à Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (APBAD) e à Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). É uma honra enquanto profissional ser detentora de tão nobre distinção.
Mais do que a satisfação de ver reconhecido o nosso trabalho, é o sentimento de dever cumprido. Quando, por opção, procurei contrariar a imagem deturpada que ainda persiste nesta sociedade dita de informação, tinha plena consciência que me tornaria responsável pela quebra de muitas imagens pré-concebidas, entre elas… (devo admitir) as minhas. Não sabia é que seria capaz de despertar tamanho interesse e curiosidade por parte dos profissionais que fui contactando à medida que o trabalho ganhava forma.
Perante este reconhecimento público sinto uma responsabilidade acrescida. Foi dado um importante passo na divulgação de uma imagem mais ajustada do profissional de informação – o objectivo central do projecto, e consciente de que muito há ainda para ser feito, anseio para que este seja o mote para novos trabalhos na área. Agora, em jeito de “Grito do Ipiranga”, é hora de mostrar de que “fibra” somos feitos – nós, os “heróis” da informação.
Este é um prémio atribuído a todas as velhinhas, de óculos e coque, e a todos os grandes guardiões do livro que zelam pelo silêncio das suas bibliotecas; é um prémio atribuído à Dra. Maria que conta histórias às crianças e ao Dr. Manuel que ajuda os mais velhos a preencher os formulários para o IRS; é um prémio atribuído à “sê dona” que arruma os livros milimetricamente na estante e ao director que até tem um “jeitinho” para a informática; é um reconhecimento do nosso trabalho enquanto profissionais de informação. E não é que até os bibliotecários têm direito aos seus 15 minutos de fama?!
A entrega do Prémio tem lugar na quarta-feira, 21 de Outubro, às 17:45 horas no auditório da Universidade de Évora, e conta com a presença de Silvestre Lacerda, Diretor Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas.
O Prémio Raul Proença é atribuído desde 1998 e resulta de uma parceria da BAD com a Direção Geral do Livro, Dos Arquivos e das Bibliotecas.