Esta breve notícia prossegue a divulgação aprofundada das Recomendações para as Bibliotecas de Ensino Superior de Portugal 2020-2022 publicadas no início deste ano (documento completo em http://doi.org/10.5281/zenodo.3841363) e elaboradas em torno de quatro vertentes: i) Apoio ao ensino e aprendizagem, ii) Apoio à investigação, iii) Desenvolvimento profissional e organizacional, iv) Redes, cultura e património. O Grupo de Trabalho das Bibliotecas do Ensino Superior apresenta agora mais uma Recomendação, integrada na primeira vertente de atuação.
Apoio ao Ensino e à Aprendizagem
Dinamizar espaços de aprendizagem, experimentação e criação de conhecimento
Dinamizar e redesenhar os espaços físicos e digitais das bibliotecas tendo em vista a sua acessibilidade e a possibilidade de inovação, experimentação, descoberta e criação de conhecimento, adequando iniciativas e recursos à promoção de aprendizagens ativas, participadas e colaborativas através de FabLabs, Makerspaces, aprendizagem mobile ou outras.
Num mundo dominado por redes e conexões, as bibliotecas continuam a atualizar-se e procurar satisfazer as necessidades dos seus utilizadores. Ainda que as coleções mantenham uma importância fundamental para alimentar o conhecimento, a criatividade e a imaginação, as bibliotecas prosseguem atualmente outras formas de proporcionar experiências significativas aos seus utilizadores.
Uma dessas formas é o desenho, implementação e disponibilização de espaços de experimentação e criação, que implicam a implantação de equipamentos e recursos, em que a conceção de ambientes propícios ao estudo e aprendizagem assentes nestas prerrogativas é uma prioridade. Estes ambientes, no meio físico ou digital, permitem a cada utilizador experimentar uma variedade de estratégias, assentes na conceptualização digital e posterior materialização nos equipamentos e recursos colocados à sua disposição, precisamente para estimular processos de criação de conhecimento, promovendo aprendizagens ativas.
Esta recomendação insta as bibliotecas a potenciarem nos seus utilizadores o pensamento crítico, a criação e a inovação. Mas como fazê-lo? É necessário partir de uma reflexão sobre como os utilizadores descobrem, usam e experimentam informação e recursos. Eles têm de saber aceder à informação, mas também poder experimentar o uso de recursos, materiais, dispositivos e ferramentas, saber usá-las de uma forma competente, adequada e significativa e dessa forma serão capazes de criar novo conhecimento, preferencialmente de forma colaborativa.
As bibliotecas académicas, como locais imersos num ambiente dinâmico e mutável, fazem parte de uma possibilidade de resposta aos desafios de aprendizagem que os alunos enfrentam. São as interações com estes meios e com os outros utilizadores, que simultaneamente interagem com estes recursos, que resultam em maior envolvimento académico e social, bem como em maior desenvolvimento pessoal em conhecimento, em informação, em responsabilidade, em aprendizagem reflexiva e resolução de problemas. É no aprender baseado no princípio “Do it yourself” que assenta a conceção de FabLabs ou de Makerspaces – por excelência, os espaços concebidos para este tipo de aprendizagem. A partir desta renovação de oferta de recursos, meios e abordagens, as bibliotecas permitem um envolvimento dos seus utilizadores de uma forma diferente, estimulante e significativa, o que propicia uma aprendizagem que interconecta o saber e o fazer.
Tatiana Sanches, Ana Alves Pereira