A mudança de paradigma a que hoje assistimos conduziu-nos a um ambiente predominantemente digital, mais fluído, mais veloz, mais vulnerável, onde predominam diferentes formas de inter e intra comunicabilidade. A interdependência de sistemas propiciou mudanças de papéis e de atores, reconfigurando um ecossistema sustentado pela diversificação de modelos de inovação, criatividade e qualidade de serviços. As Instituições de Ensino Superior (IES), enquanto organismos de reconhecido valor, nas suas múltiplas aceções, são autênticos laboratórios de partilha e criação de conhecimento, apresentando-se como fontes de vantagem competitiva.
Na sua ancestral e resiliente área estruturante de influência e partilha do saber, as Bibliotecas de Ensino Superior (BES), enquanto sistemas abertos, expansivos e adaptáveis às transformações evolutivas da humanidade, em geral, e tecnológicas, em particular, estão capacitadas para apoiarem o vasto universo de atores/investigadores/criadores de ciência e de conhecimento.
Uma das dez recomendações propostas pelo Grupo de Trabalho das Bibliotecas do Ensino Superior (GT-BES) e que norteiam a agenda das BES insere-se, justamente, na esfera da promoção e divulgação de publicações de natureza técnico-científico-pedagógica. É um novo território estratégico-comunicacional imerso num contexto de transformação digital do conhecimento, assente em critérios de relevância, confiabilidade, integridade, e qualidade e que se baseia numa dinâmica preventiva, colaborativa e co-construtiva. Esta nova oportunidade vai permitir às editoras das IES o aumentar da confiabilidade aos autores e, igualmente, posicionarem-se assertivamente num mundo cada vez mais vulnerável perante a proliferação de revistas predadoras que minam um trabalho de seriedade, de entrega, de honestidade científico-pedagógicas. Nessa medida, a confiança editorial gera vantagem competitiva.
Alinhar estratégias, redesenhar metodologias, políticas e procedimentos, construir planeamentos sistémico-colaborativos, estabelecer compromissos com os atores envolvidos, reforçar cadeias editoriais, transparentes e com forte sentido de missão, responsabilidade e prestação de contas, sustentadas por revisões por pares, agilidade e capacidade de resposta, conferem autenticidade e qualidade às publicações na academia, apresentando-se esta área como um desafio aliciante ao nível da disseminação da ciência, do conhecimento científico e tecnológico, através de um acesso equitativo.
Recriar e reposicionar o conceito de qualidade no centro da cadeia editorial confere reconhecimento, visibilidade e projeção às IES e às BES. Publicar com qualidade, confiança e credibilidade é um desafio que garante a maximização de impacto económico e de responsabilidade social, educacional e cultural.
Margarida Carvalho