Apresenta-se uma proposta de criação de Bibliotecas de Sementes nas bibliotecas públicas. A ideia surge, no âmbito do Programa de Mentoria da BAD (2ª edição) e visa integrar, na Biblioteca Municipal de Palmela, uma Biblioteca de Sementes.

Sementes

Conduzida pela visão inspiradora de Ken Green, as bibliotecas podem assumir a responsabilidade pela proteção e preservação das sementes locais, pela sua partilha física e pela partilha dos conhecimentos técnicos e competências, sobre o seu cultivo e guarda pela comunidade local.

Pela constatação da existência de bibliotecas de sementes em diversos países, e por terem o reconhecimento da comunidade científica, nomeadamente da IFLA, foi imediata a perceção de assumirem grande relevância como serviço a ser prestado pelas bibliotecas.

As sementes são como os livros – trazem consigo histórias e conhecimentos, que necessitam ser preservados. Tal como outros recursos documentais podem constituir uma coleção organizada, descrita e indexada e serem mantidas vivas, por via da disseminação e circulação, nomeadamente através do empréstimo domiciliário.

Como serviço nas bibliotecas públicas, oferece vantagens significativas, sobretudo quando ligada à área de Fundo Local e se alinhada com os pressupostos da Agenda 2030.

No contexto da área de Fundo Local, as bibliotecas públicas, ao acolherem sementes que sejam parte integrante do património agrícola e cultural da comunidade, ligam-se à história e à cultura locais. Contribuem, quer para a sua preservação, quer para a preservação de tradições, que lhes estejam associadas, e para a transmissão de conhecimentos ancestrais. Ao concentrar a sua atividade na recolha de sementes nativas, nas espécies que se identifiquem estar em risco, nas variedades locais e tradicionais, a biblioteca desempenha um papel na conservação das espécies locais, face à preferência por culturas comerciais mais padronizadas, incentivando a biodiversidade local.

As bibliotecas têm a oportunidade, como pontos de encontro, de promover a partilha de conhecimentos e experiências, de informação e formação, de interação social e criação de redes, assim como promover o envolvimento e fortalecimento de relações, com e entre os membros da comunidade.

Podem igualmente, tornar-se um atrativo para turistas, interessados em questões agrícolas, promovendo a identidade local e a sustentabilidade.

Ao nível dos pressupostos da Agenda 2030, o alinhamento com os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é evidente.

A disponibilidade e variedade de sementes pode ser promotora da diversificação dos cultivos, melhorando a segurança alimentar e a nutrição local, contribuindo para a redução da necessidade de utilizar produtos químicos e ser, assim, fator de conservação dos recursos hídricos (ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável). Incentivam a agricultura urbana e periurbana, estimulando ao cultivo em espaços limitados e assim contribuem para a resiliência das cidades (ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis).

Em síntese, a proposta de criação de uma Biblioteca de Sementes, nas bibliotecas públicas, associada à área de Fundo Local, visa sensibilizar, educar, envolver e capacitar a comunidade, para questões, relacionadas com o património local e a sustentabilidade.

Por um futuro.

Olga Cidades
Bibliotecária
Programa de Mentoria da BAD – 2ª edição

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