“Orgulho, por fazer parte desta associação profissional e pelo trabalho que a BAD desenvolveu até hoje”

ÂNGELA SALGUEIRO PEREIRA

– Há quanto tempo é associada da BAD?

Angela Pereira rotated
Ângela Pereira

Sou associada da BAD há mais tempo do que sou bibliotecária. Estava eu no meu 2.º ano de Especialização em Ciências Documentais na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, quando uma das professoras nos distribuiu fichas de Associado e eu inscrevi-me. Não me recordo quem teria sido, a Maria do Rosário Pericão, a Maria da Graça Pericão, a Maria Lucília Paiva ou a Maria Isabel Faria, que eram associadas ativas da BAD, em Coimbra, na década de 80. Estas professoras e bibliotecárias, ritualmente, promoviam a Associação junto dos alunos finalistas da Especialização, angariando, desta forma, muitos associados. Daí ser associada desde 1986.

– Em três adjetivos, como tem sido esta “relação “? 

Respeito, pelo trabalho desenvolvido pelos colegas que aceitam fazer parte dos órgãos sociais da BAD, para que a Associação continue a trabalhar em prol dos profissionais e da profissão.

Orgulho, por fazer parte desta associação profissional e pelo trabalho que a BAD desenvolveu até hoje, apesar de acharmos que foi pouco, não foi.

Confiança, no futuro da BAD apesar das mudanças que vivemos no contexto laboral e dos desafios enormes que o desenvolvimento tecnológico e da informação nos impõem profissionalmente.

– Numa frase, como convenceria alguém a associar-se à BAD? 

Os desafios que o futuro da nossa profissão encara e as exigências que os novos contextos da informação nos impõem só são superáveis se os profissionais o fizerem em conjunto. A BAD é esse “lugar” coletivo que permite a reflexão sobre a profissão e se assume como o interlocutor deste grupo profissional junto do poder político e junto daqueles que podem decidir sobre a nossa profissão.

– Como associada, o que a BAD ainda não tem para lhe oferecer? 

Gostaria que a BAD me proporcionasse mais momentos de crescimento profissional, em especial tendo em consideração as novas exigências da informação digital e da Inteligência Artificial. Mas acima de tudo, que conseguisse dar uma maior visibilidade à profissão (nas suas diversas áreas de atuação) junto do público em geral. Tenho consciência que isto não é um objetivo fácil de cumprir, mas são os horizontes ideais que nos movem e nos fazem melhorar como profissionais.

– Que mensagem gostaria de deixar aos novos profissionais relativamente ao associativismo?

Os tempos que vivemos valorizam o sucesso individual e o mundo do trabalho estimula esse individualismo. Mas tudo é mais fácil e eficaz, mais enriquecedor e estimulante quando caminhamos em grupo e partilhamos conhecimentos. Hoje os desafios que nos colocam à prova como profissionais são muitos, mais complexos e exigentes quanto aos conhecimentos técnicos e profissionais que impõem, para acompanharmos esta “turbilhão contínua” que se vive no contexto da informação e continuarmos a ser uma profissão relevante, o associativismo profissional é a resposta.

Nota Biográfica

Iniciei o meu percurso académico na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova onde, em 1986, concluí a Licenciada em História. Entre 1987 e 1989, rumei a Coimbra onde conclui a Especialização em Ciências Documentais na Faculdade de Letras da Universidade. Em 2003, defendi a dissertação Da Memória Local à Memória Universal: o Fundo Local da Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira – um estudo caso, no ISCTE – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, no âmbito do Mestrado em Estudos de Informação e Bibliotecas Digitais.
Começo a minha vida profissional em 1987, como bibliotecária no Município de Leiria e tenho a sorte de, pouco tempo depois, a Câmara Municipal me enviar até Aveiro, como sua representante na reunião de apresentação do projeto nacional que todos conhecem como Rede Nacional de Bibliotecas Públicas.
Acompanhei o projeto de construção do atual edifício da Biblioteca Municipal de Leiria e liderei a mudança da antiga biblioteca e a respetiva modernização dos seus serviços, coleções e equipa. Entre 1999 e 2010, coordenei dos serviços da Biblioteca Municipal, tendo iniciado com a equipa técnica diversos serviços de proximidade à comunidade, nomeadamente, serviços de empréstimo na pediatria do Hospital, nos Estabelecimentos prisionais e nas Escolas do 1.º ciclo. Nesta mesma década, com a equipa que liderava, desenvolvemos serviços de dinamização da leitura com as instituições para pessoas idosas e criámos o espaço Bebéteca, como o nome indica, para bebés e pais (projeto financiado pela F. C. Gulbenkian).
Atualmente sou responsável pelos serviços de referência e tratamento técnico e gestora do Catálogo Coletivo da Rede de Bibliotecas de Leiria que integra, além a biblioteca municipal, 40 bibliotecas escolares do ensino público e privado e 3 centros de documentação de museus. Paralelamente, ainda dinamizo a “Sociedade das Raposas – clube de leitura” para jovens dos 10 aos 13 anos e os “Roteiros Literários”, passeios urbanos sobre obras ou autores de Leiria.
Em 2003, fiz o Estágio Profissional – Gestion de Projets en Bibliothèques – financiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de França ao abrigo do programa Courants du Monde, que incluiu diversas visitas a bibliotecas em Paris e Lyon e uma semana de formação técnica na École Supérieur des Sciences d’Information et des Bibliothèques (Enssib).
Apresentei algumas comunicações nos Congressos da BAD e no âmbito da RNBP e fui formadora em diversas ações no âmbito das bibliotecas escolares e públicas. Durante 5 anos, fui ainda docente do Politécnico de Leiria – ESECS lecionando a disciplina de Gestão Da Informação do Curso de Comunicação Educacional e Gestão da Informação.
Ser bibliotecária é ser estudiosa permanente desta “arte”, ser versátil, criativa, disponível e, principalmente, muito atenda às transformações que nos rodeiam e às mudanças dos perfis dos públicos que procuram as bibliotecas. Este é o grande desafio que continuo a perseguir.

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