Eloy Rodrigues
Recebi a notícia da atribuição do prémio Maria José Moura com um misto de sentimentos. Por um lado, com óbvia alegria e sentindo-me muito honrado. Mas, por outro lado, com surpresa e perplexidade. Por isso, e outras circunstâncias, pedi a quem me comunicou a decisão do júri do prémio para dormir sobre o assunto antes de o aceitar. A surpresa e perplexidade serão fáceis de compreender. Por ser a primeira edição do prémio, por existirem vários outros colegas que mereceriam, tanto ou mais que eu, recebê-lo, por ser atribuído a alguém que não desenvolveu a sua carreira nas bibliotecas públicas (apesar da Maria José Moura ter tentado “desviar-me” para aí no final da década de 90), que foi a sua grande causa. A alegria e a honra são ainda mais fáceis de explicar. Valorizo muito este prémio por resultar da indicação de colegas e ser atribuído pela nossa Associação, pela BAD, de que sou associado há 30 anos, e em cuja vida tenho participado, com períodos de maior ou menor intensidade, desde então. Mas o prémio tem também um significado muito especial para mim, por ter o nome de Maria José Moura, que é a grande referência dos bibliotecários portugueses dos últimos 50 anos, e com a qual tive a oportunidade de trabalhar por muito curtos períodos e, sobretudo, tive o privilégio de conviver e de receber a sua estima e amizade generosa. Apesar das dúvidas, aceitei o prémio, que constitui um reconhecimento e uma honra que espero merecer. E uma das razões decisivas para o fazer, é ter a presunção que a Maria José Moura ficaria contente por eu o receber, e que, com a sua proverbial persistência, não me permitiria recusá-lo. |
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