Depois de um dia inteiramente reservado a sessões com os Comités e Caucus da IFLA, o dia de hoje ficou marcado pela abertura oficial do Congresso de 2012.
Logo pela manhã, teve lugar uma sessão de boas vindas aos novos profissionais. O formato utilizado foi o de convidar colegas para que contassem a experiência do seu primeiro Congresso. Na plateia, um público composto maioritariamente por Bibliotecários jovens estava muito entusiasmado por participar deste evento pela primeira vez. O tom é informal e a IFLA pretende abraçá-los como se tratassem de uma grande família em constante crescimento. É o tempo para aproveitar e construir redes, aconselham-nos.
Este ano estão presentes cerca de 4.200 congressistas, dos quais 1.000 são finlandeses (cerca de 1/5 de todos os bibliotecários da Finlândia). Para além de uma forte representação de congressistas dos Estados Unidos, nota-se também uma forte presença de colegas oriundos da China (a maior delegação representada) e de outros países da Ásia.
A sessão inaugural tem lugar num anfiteatro de dimensões consideráveis no Centro de Congressos de Helsínquia, onde impacientemente se espera pelo abrir das portas. Lá dentro, um enorme ecrã de vídeo é banhado por uma luz azul. À hora marcada (os atrasos são praticamente inexistentes no decorrer de umas sessões para outras), o público é surpreendido por Karoliina Kantelinen (cantora e etnomusicóloga) que interpreta um Yoik – uma forma de canção tradicional Suomi.
Depois do enquadramento do tema do Congresso deste ano por parte da Presidente da IFLA, Ingrid Parent e dos discursos inaugurais de Maija Berndtson (do Comité Nacional do Congresso e Directora da Biblioteca da cidade de Helsínquia), do Presidente da Câmara tomou a palavra Helena Ranta, a oradora convidada.
No Twitter (onde decorre uma espécie de congresso virtual paralelo e que permite, até um certo ponto, o dom da ubiquidade) existe alguma expectativa sobre o que poderá uma dentista forense contribuir para este Congresso de Bibliotecários.
Ranta, trabalhou nos piores cenários de guerra recentes. O seu discurso versa sobre os mais recentes genocídios tanto humanos como culturais. É uma experiência contada na primeira pessoa. Algumas frases prenderam a atenção da assistência: “o genocídio não é um acto de assassinato, são milhões de actos” e “não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão”, são as frases mais replicadas na web social.
Dos horrores da II Guerra Mundial, daqueles Budas destruídos naquele “pequeno país, lá longe no Afeganistão”, da Biblioteca totalmente reconstruída em Sarajevo, mas cujos os livros se reduziram a pó, todo discurso de Ranta é toda uma viagem na defesa do herança cultural e do património é a própria defesa da humanidade. Para isso, devemos ter memória. Devemos lembrar-nos do futuro, conclui.
A fechar a sessão de abertura, um músico finlandês Iiro Jantala terminou esta sessão com duas peças musicais com muito humor à mistura.
Miguel Mimoso Correia
em Pasila, Helsínquia