Com 23 anos de associada, Natália Caseiro é inquestionavelmente uma das pioneiras no processo de transformação que em Portugal as bibliotecas escolares iniciaram nos anos noventa. O seu testemunho realça uma realidade raramente recordada: também na Rede de Bibliotecas Escolares, a associação profissional teve um papel fundamental. Alguma nostalgia perpassa pelas suas palavras, mas é sem vacilar que defende o valor do associativismo profissional.
Há quanto tempo é associada da BAD? Quais as razões que a levaram a associar-se?
Sou a associada nº1713 e, não sabendo precisar o ano em que me tornei sócia, terá rondado o início dos anos 90 (1991, 1992, ?), pouco depois de acabar o Curso de Especialização em Ciências Documentais em Coimbra em 1991; a inscrição na BAD era sentida como uma obrigação natural e uma inerência profissional. Os tempos eram de grande entusiasmo e os professores do curso devolviam-nos a imagem de profissionais pró-ativos no setor e com uma cultura associativa de participação. Também no seio da direção da BAD, passou a haver uma sensibilidade particular para a área específica das bibliotecas escolares; essa sensibilidade transformou-se em dinâmica e ganhou expressão no 1º Encontro de Bibliotecas Escolares na Fundação Calouste Gulbenkian, em dezembro de 1996, organizado pela BAD, simultâneo com o lançamento da Rede de Bibliotecas Escolares em 1996/97. Destaco o envolvimento muito particular do Presidente da BAD na altura, Pina Falcão, na organização deste evento que alavancou a rede de BE.
Ao longo do tempo, de que forma considera que a BAD contribuiu para a sua formação profissional? Como encara o associativismo, sobretudo nos dias de hoje? Que mensagem gostaria de deixar aos novos profissionais…?
A ligação à BAD foi fundamental no meu percurso nas bibliotecas escolares: tinha sido criado o grupo de trabalho das BE no seio da Associação e o 1º Encontro em 1996 convocou todas as experiências pioneiras que se faziam na área. Foi o arranque da Rede de Bibliotecas Escolares que representou uma viragem única na situação das bibliotecas escolares em Portugal. Para além deste aspeto, a BAD teve um contributo decisivo no meu processo formativo, através da oferta de formação, que fui aproveitando na medida das minhas possibilidades e condições.
A este nível da formação, o associativismo tem, deve ter, tem de ter um grande impacto na afirmação profissional dos seus associados, favorecendo a sua participação ativa na vida das instituições. Ainda é este aspeto que, no essencial, privilegio no vida associativa dos documentalistas de hoje – a participação em formações favorece o contacto social e profissional e assegura a atualização de conhecimentos, indispensáveis a boas práticas nas bibliotecas.
NOTA BIOGRÁFICA
Natália Maria Antunes Caseiro é professora do quadro da Escola Secundária de Domingos Sequeira em Leiria, onde coordena, desde 1989, a respetiva biblioteca escolar. A par da sua atividade como professora-bibliotecária e docente de Português, tem estado ligada à implementação de variados projetos de promoção de leitura, organização de eventos e formação de professores. Licenciada em Estudos Portugueses pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, possui o Curso de Especialização em Ciências Documentais pela mesma Faculdade e o Mestrado em Educação e Leitura, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. É autora do livro de ficção infanto-juvenil “Os devoradores de livros”, publicado em 1998 pela Editorial Diferença.
Endereços institucionais:
– o portal da escola: http://www.esds.edu.pt/
– o blog da biblioteca: http://becre-esds.blogspot.pt/