Reforçar as Bibliotecas como agentes facilitadores e implementadores das políticas de Ciência Aberta, na promoção de atividades de formação, no desenho de serviços e no apoio à utilização de ferramentas para a abertura de dados, resultados e métodos de investigação, no quadro dos princípios FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, Reusable), assumindo ainda um papel dinamizador e agregador de iniciativas de ciência cidadã.

O Grupo de Trabalho das Bibliotecas do Ensino Superior da BAD propõe, no conjunto das 12 recomendações apresentadas para o triénio 2020-2022, uma aposta maior na dinamização da capacitação para a prática da Ciência Aberta nas instituições de ensino e ciência de Portugal.

Recomendacoes GT BES

A Ciência Aberta tem sido um domínio de intervenção prioritário nas Bibliotecas de Ensino Superior portuguesas. Várias têm sido as iniciativas promovidas neste âmbito, desde a divulgação dos Pilares da Ciência Aberta ao apoio incondicional às iniciativas do MCTES, mas também ações concretas para fazer chegar a Ciência Aberta aos investigadores, incentivar à publicação em acesso aberto e ao depósito em repositórios institucionais, bem como à preservação de dados de investigação.

Do Acesso Aberto à Ciência Aberta há ainda muito trabalho a realizar no domínio dos dados abertos, investigação aberta, redes abertas de ciência e ciência cidadã e em todas estas ações as BES podem e devem ter um papel ativo e impulsionador da mudança.

Concretamente, as BES devem reforçar o seu papel de agentes facilitadores e implementadores das políticas de Ciência Aberta, disponibilizando e apoiando na utilização das ferramentas que já temos à disposição de todos, guiando os investigadores a trabalhar com repositórios de dados e contribuindo ativamente para uma mudança na utilização das métricas na avaliação do trabalho científico. Todas estas ações podem e devem contribuir para uma investigação mais colaborativa, participativa e mais justa no momento da distribuição de financiamento e reconhecimento entre pares.

As BES podem ter um papel mais interventivo e político nas suas organizações, mas num âmbito mais tradicional e em que já são reconhecidas, devem investir na promoção de atividades de formação, com programas estruturados dirigidos a diferentes audiências e com recursos a variados canais. É prioritário ganhar espaço na formação transversal que já existe nos três ciclos de ensino com especial enfoque para a formação no 3º ciclo através dos programas doutorais.

As BES têm que estar atentas a outras dimensões da abertura de resultados de investigação, procurando participar e apoiar investigadores em iniciativas e serviços no domínio do software aberto ou protocolos de interoperabilidade que promovem a reprodutibilidade da ciência, a sua reutilização e partilha sem impedimentos técnicos aumentando o seu alcance na comunidade científica, mas não só.

A gestão e abertura de dados é uma área em grande desenvolvimento que carece de uma intervenção das BES e para a qual as BES devem assumir-se protagonistas, procurando conceber e implementar serviços de apoio à utilização de ferramentas nesse âmbito.

Os Dados FAIR são o foco nos próximos anos, havendo muito trabalho por fazer e de forma transversal, mas desde já os profissionais das BES têm de se preparar para saber mais sobre os princípios FAIR para os dados (Findable, Accessible, Interoperable, Reusable), assumindo um apoio direto à utilização de ferramentas para a abertura de dados, resultados e métodos de investigação.

As BES como agentes ativos na comunidade e com responsabilidade sociais significativas devem assumir igualmente um papel dinamizador e agregador de iniciativas de ciência cidadã, nomeadamente ao apoiarem inovações possíveis de implementar no contexto editorial, particularmente aquelas que se associam a uma ciência mais aberta e transparente.

Susana Lopes, Pedro Príncipe

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