Nas aldeias de Proença-a-Nova, quem espera todos os dias pela chegada do bibliomóvel de Nuno Marçal, uma carrinha recheada de livros e revistas, provavelmente desconhece que o bibliotecário está nomeado para um importante prémio internacional.
Nuno Marçal é o candidato de Portugal, indigitado pela DGLB, ao prémio sueco Astrid Lindgren Memorial (ALMA) de 2011, um galardão no valor de 500 mil euros que distingue quem, em todo o mundo, promove a leitura e a literatura para a infância.
«É um orgulho enorme estar naquela lista de finalistas, mas não acredito muito que ganhe. É um estímulo para continuar a fazer o meu trabalho aqui na promoção da leitura», disse o bibliotecário.
Nuno Marçal, de 36 anos, percorre diariamente o concelho de Proença-a-Nova ao volante de uma carrinha que transporta uma pequena biblioteca itinerante, com livros, jornais e DVD.
Os principais leitores e utentes da pequena biblioteca ambulante, itinerante, são sobretudo pessoas mais velhas, algumas de aldeias isoladas do concelho, que veem em Nuno Marçal uma companhia para conversar.
No final de 2010, quando soube que estava nomeado para o prémio ALMA, Nuno Marçal sublinhou o lado social do seu trabalho com o bibliomóvel.
«É o que eu gosto de chamar os medicamentos e as aspirinas contra a solidão e o isolamento», disse.
«Há três aldeias onde só vou por causa de uma pessoa», explicou na altura o bibliotecário, que se sente um privilegiado por ter um trabalho «muito gratificante do ponto de vista profissional e humano».
Licenciado em Sociologia e com uma pós-graduação em Ciência Documentais, Nuno Marçal foi premiado em Espanha pela Associação de Profissionais de Bibliotecas Móveis.
Em Agosto estará em Turku, Finlândia, Capital Europeia da Cultura, para falar de bibliotecas itinerantes a convite de um festival que celebra 50 anos da existência de bibliomóveis no país.
O prémio sueco ALMA foi criado em honra da escritora Astrid Lindgren, distingue escritores e ilustradores para a infância, mas também organizações que promovam a leitura e a literatura para a infância.
O artigo em texto integral pode ser consultado em http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=15089.
Em tempo: o referido prémio foi conquistado por um bibliotecário australiano, o que não invalida o orgulho que sentimos pela nomeação do nosso colega.