Ana Margarida Costa
No atual contexto em que vivemos, de alteração da vida social devido à pandemia de Covid-19, com profundas transformações nas comunidades escolares e educativas através do Ensino à Distância(E@D), torna-se necessário repensar no papel que as Bibliotecas Escolares podem assumir na atualidade e no futuro.
Como referiu José García Guerrero, em Bibliotecas Escolares con futuro, publicado pela Fundación Germán Sánchez Ruipérez, em 2015 e disponível em eBook:
«Las bibliotecas escolares son escuela. Su acción está vinculada a ella. Su futuro está ligado al futuro de la escuela. Otra cosa es que consigamos entre todos convertirlas en recursos relevantes del proceso educativo, en entornos que aporten valor añadido, en centros de recursos para la enseñanza y el aprendizaje que actúen como agentes mediadores y formativos. Este aspecto representa el elemento clave para el futuro de las bibliotecas escolares» (p. 6).
Na atualidade e no futuro, as Bibliotecas Escolares têm de recentrar e projetar o seu serviço e as suas atividades em função dos novos contextos de E@D e de assumir cada vez mais, um papel ativo, mediador e formativo. Os seus serviços nas comunidades escolares e educativas devem recentrar-se no atendimento e apoio à distância – seja um atendimento síncrono ou assíncrono; apoio ao currículo e à literacia da leitura; literacia dos media; literacia da informação e literacia digital, a par da formação de utilizadores, com uma curadoria de conteúdos, conceção de ferramentas, de plataformas e de tutoriais.
No apoio ao currículo e às literacias existem diversas estratégias de operacionalização que podem ser desenvolvidas pelas Bibliotecas Escolares, em articulação com a direção e o conselho de turma das escolas. Saliento, a promoção da interdisciplinaridade e a adoção de diversas metodologias ativas e mediadoras, incluindo o desenvolvimento do trabalho de projeto, resolução de atividades escolares ou pesquisas orientadas.
No atual contexto de E@D podemos falar de um desafio, mas igualmente de uma oportunidade de afirmação das Bibliotecas Escolares, porque e, parafraseando José García Guerrero, o futuro da biblioteca escolar é o futuro da escola. Ao nível da leitura, sem o acesso direto à leitura em suporte analógico, a oportunidade surge, indiscutivelmente, na leitura em suporte digital.
De seguida, apresento um repositório de bibliotecas de livros digitais e audiolivros em acesso aberto, com inúmeras sugestões de leitura, em português e outras línguas. No repositório, compilo, entre outras, obras em acesso aberto recomendadas pelo Plano Nacional de Leitura; eBooks disponíveis na Rede de Bibliotecas Escolares; Biblioteca Nacional Digital; Biblioteca Digital Camões; Biblioteca Digital do Observatório da Língua Portuguesa ou o arquivo digital colaborativo do Livro do Desassossego de Fernando Pessoa, úteis a professores, educadores e alunos, de vários ciclos e níveis de ensino neste contexto de E@D.
Ao nível dos audiolivros e histórias infantojuvenis, destaque, entre outros, para as histórias em áudio, disponibilizadas de forma momentânea pela Amazon; o projeto Histórias ao deitar, desenvolvido pela Leya; Projeto Adamastar – Letra Pequena ou «Uma história por dia, não sabe o bem que lhe fazia», da Rede de Bibliotecas Municipais de Lisboa – Rede BLX.
Na qualidade de bibliotecária, a compilação do repositório resulta da necessidade de contribuir para o apoio dos planos de atividades escolares no domínio da valorização do currículo e das literacias, incluindo a literacia da leitura, e de dar continuidade aos processos de ensino e aprendizagem, neste quadro de alteração da vida social, com profundas transformações nas comunidades escolares e educativas.
