Recomendações BES Portugal 2020 apresentacao final

As Recomendações para as Bibliotecas de Ensino Superior de Portugal 2020-2022 têm, entre outros, o objetivo de enquadrar a atividade dos profissionais de informação no triénio 2020-2022, sendo desenvolvidas a partir de 4 eixos: i) Apoio ao ensino e aprendizagem, ii) Apoio à investigação, iii) Desenvolvimento profissional e organizacional, iv) Redes, cultura e património. Cada um desses eixos comporta 3 recomendações, perfazendo assim, um total de doze. Dando continuidade ao trabalho desenvolvido por outros colegas no sentido da apresentação mais detalhada de cada uma dessas recomendações, centramos a nossa análise na Recomendação 8 – Investir na capacitação dos profissionais que integra o conjunto de recomendações do Eixo 3 – Desenvolvimento profissional e organizacional.

Eixo 3 – Recomendação 8

INVESTIR NA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS

Incrementar estratégias para o desenvolvimento das competências dos profissionais de informação face aos desafios da era digital, fomentando nestes a autoaprendizagem e a prática de investigação, assim como a participação em programas de formação para a construção de conhecimento especializado que se reflita em valor para a comunidade.

Os profissionais de informação são detentores de um conjunto saber-fazer diversos, reconhecidos e valorizados pelo mercado de trabalho atual que devem saber mobilizar em qualquer contexto ou situação profissional.

Nesse sentido, e de forma a acompanhar os desafios que são colocados não apenas pela evolução tecnológica e pela era digital, mas também pelas frequentes alterações a que estão sujeitos os contextos em que operam, esta recomendação reforça a necessidade de os profissionais de informação manterem a capacidade de auto aprendizagem e de reflexão sobre as suas práticas de trabalho, a sua profissão e sobre o papel da mesma numa sociedade, cada vez mais alvo de mudanças inesperadas. Tal constitui um imperativo de forma a que mantenham o seu valor assim como a capacidade de agir em contextos diversos. Igualmente se entende como fundamental o desenvolvimento de investigação na área que contribua para o desenvolvimento de um corpus científico consistente.

De forma a operacionalizar esta Recomendação apresentamos seis ideias de estratégias/atividades que – cremos – poderão ser desenvolvidas e/ou reforçadas:

  1. Definir ações que permitam a recolha de informação sistemática sobre o mercado de trabalho real e potencial dos profissionais de informação, por um lado e, por outro, fomentar a concretização regular de fóruns de discussão sobre novas tendências (conhecer o presente e perspetivar o futuro).
  2. Promover ações de advocacia junto dos responsáveis de instituições de formação no sentido de fortalecer parcerias entre o meio profissional e as instituições de formação tendentes a aproximar o contexto profissional do contexto académico de formação. Tal não significa tornar a formação académica em formação profissional. Mas é preciso não esquecer que é necessário preparar profissionais de informação para o mercado de trabalho e para as necessidades e exigências do mesmo. Nesta linha de pensamento, aconselha-se uma discussão aprofundada e rigorosa sobre os curricula dos Cursos de Pós-Graduação e Mestrado atualmente em funcionamento que conte com a intervenção dos diferentes stakeholders de forma a fazer corresponder os planos de estudos às competências necessárias ao mercado.
  3. Insistir na formação por pares concebendo e promovendo programas de aprendizagem colaborativa em áreas emergentes no domínio da Ciência da Informação e afins. O Programa de Mobilidade BES é um excelente exemplo a este respeito pelo que deve ser continuado e desenvolvido.
  4. Identificar profissionais de informação que se tenham destacado através do conhecimento evidenciado, trabalho realizado e informação publicada em áreas do domínio da Biblioteconomia, Ciência da Informação e outras áreas emergentes correlacionadas, disponíveis para partilhar esse conhecimento e, sobretudo, a sua prática profissional, com os pares através ateliers de formação, presencial ou online.
  5. Incentivar práticas de trabalho assentes em metodologias de ação/reflexão com o objetivo de promover a publicação científica em acesso aberto sobre essas práticas e, assim, a sua partilha com outros profissionais de informação.
  6. Promover formação interna nos serviços para que haja uma evolução natural, real e concreta do conhecimento em todos os membros da equipa, com partilha de saberes adquiridos em formações externas e também em contexto de trabalho in situ. A troca de experiências de trabalho dentro da mesma equipa além de promover a qualidade do serviço prestado, torna também a equipa mais coesa e mais aberta e interessada na aquisição de conhecimento.

Esta partilha pretende impulsionar um debate que se considera urgente e deseja participado por todos, reunindo o contributo de diferentes reflexões e experiências, com o objetivo de tornar mais enriquecedora e consequente a discussão.

Ana Inácio, Isabel Pireza Nunes, Maria João Amante

Similar Posts