O Conselho Internacional de Arquivos (ICA) propõe dedicar, de 8 a 14 de junho de 2020, uma semana inteira aos arquivos. Este ano o tema da campanha é: “Empoderar as sociedades do Conhecimento”.
O panorama dos arquivos, dos documentos e dos dados, no século XXI está a mudar as expetativas dos nossos utentes, a forma como trabalhamos, aquilo que constitui as evidências credíveis e a forma como protegemos os nossos fundos. A nossa profissão (gestores de dados e informação, gestores de documentos e arquivistas) pode oferecer oportunidades que nos permita assegurar importantes benefícios aos cidadãos e às sociedades do conhecimento. Com esta ideia em mente, que significa para nós “empoderar as sociedades do conhecimento?”
Ao falarmos de sociedades do conhecimento, queremos referir-nos a temas, tais como a inteligência artificial, a preservação digital ou as tecnologias emergentes.
A inteligência artificial e as tecnologias emergentes estão a mudar, muito rapidamente, a forma como fazemos o nosso trabalho, pelo que é necessário que entendamos, quer as oportunidades quer as ameaças destas tecnologias para as nossas labores arquivísticas. Que fazem bem as tecnologias? Em que nos podem ajudar a fazer melhor? Como implementar estas novas práticas no nosso quotidiano? Quais são as suas implicações éticas?
Interessa debater não só de que modo estas tecnologias irão afetar a forma como nós preservamos a informação e a tornamos acessível (documentos e dados), mas, acima de tudo, temos de saber responder às questões, já recorrentes, como preservar os documentos e os dados de uma forma sustentável, prática e tendo igualmente em conta a relação custo benefício.
Desta forma, empoderar as sociedades do conhecimento refere-se também gestão sustentável do Conhecimento.
A gestão do conhecimento é fundamental para o desenvolvimento sustentável e para atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). No centro destas metas encontra-se a necessidade de dispor de informação proveniente de fontes confiáveis, independentemente do seu formato.
A informação sustentável também se refere a conhecer como podemos proteger as nossas instituições das alterações climáticas, do roubo, do saque e do tráfico ilícito. Também se trata de olhar mais além do que é feito pelas instituições arquivísticas e compreender o nosso impacto na sociedade e no meio ambiente.
Finalmente, empoderar as sociedades do conhecimento também nos faz refletir sobre os conceitos de Fidedignidade e Evidência da informação.
Na era dos factos alternativos, das notícias falsas (fake news), da desinformação e das ameaças à cibersegurança, a necessidade de dispormos de evidências confiáveis (documentos, informação e dados), tornou-se impreterível. Qual o nosso papel nesta conjuntura? Quem são os nossos aliados? Qual o papel dos profissionais da gestão de documentos e arquivo na área da governança da Internet?
A fidedignidade e a evidência também significam ir ao encontro do que os nossos utilizadores necessitam para confiar no que fazemos e como adquirimos, preservamos e tornamos acessível a informação. Como empoderar os nossos utilizadores? Como nos empoderamos a nós próprios?
Vamos desafiar a sociedade e perguntar às pessoas o que pensam sobre aquilo que nós fazemos!
Autor: Grupo de Trabalho de Arquivos Municipais da BAD