Margarida Trincão RIBLT

A Delegação da BAD da NUT do Alentejo dá agora início a um conjunto de entrevistas a profissionais da região de modo a divulgar tanto o seu percurso pessoal como o trabalho das organizações onde desempenharam funções ou onde atualmente se encontram. Para além das entrevistas divulga-se um vídeo com um breve testemunho.

Pela dinâmica assinalável que têm mantido nos últimos anos decidiu-se, em primeiro lugar, dar voz às redes de arquivos e de bibliotecas. Este ciclo de entrevistas arranca com  Margarida Trincão, coordenadora da Biblioteca Municipal da Golegã e da Rede Intermunicipal de Bibliotecas da Lezíria do Tejo.

 

  • Qual é a sua memória de trabalho mais antiga?

A minha carreira enquanto profissional da informação e bibliotecária teve início em 2004. Contudo, a minha memória de trabalho mais antiga, que é também o que me motivou a seguir esta profissão, é anterior a esta data e surge da minha experiência enquanto vendedora numa das maiores livrarias da Baixa de Lisboa. Foi neste trabalho que experienciei o gosto pela organização, pela recuperação e difusão da informação, e senti o contentamento de apresentar aos clientes/leitores os livros e a informação que pretendiam. É este gosto e contentamento que mantenho na memória e revivo ainda hoje no meu atual trabalho.

  • Em que serviço de informação começou a trabalhar?

Logo após a conclusão da minha formação, primeiramente como Técnica Profissional, trabalhei na Biblioteca Escolar do Colégio Moderno, em Lisboa. Foi uma experiência de trabalho muito gratificante e que deixou muitas saudades, porque a Biblioteca, além de possuir um magnífico acervo, era muito requisitada por alunos e professores, pois existia uma consciência bem formada sobre a sua importância na formação e no sucesso dos alunos.

  • Como surgiu a ideia de trabalhar em rede?

A constituição da Rede Intermunicipal de Bibliotecas da Lezíria do Tejo decorreu da estratégia da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) assente no incentivo e apoio à criação de redes intermunicipais de bibliotecas, da aceitação da CIMLT, e do empenho do Grupo de Trabalho das Bibliotecas da Lezíria do Tejo que constituem esta Comunidade Intermunicipal: Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém.

A RIBLT surge, assim, a pensar na partilha de experiências, de atividades, de recursos de informação, na formação profissional, apostando num funcionamento mais eficaz e eficiente e, sobretudo, na obtenção de uma maior coesão entre pares, com o objetivo primordial de melhorar o serviço prestado aos munícipes e a todos os cidadãos, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e comunitário.

  • Do seu ponto de vista, qual foi o projeto mais estruturante da rede?

O projeto BiblioTICs”, idealizado pela RIBLT no âmbito da candidatura ao PADES (Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Serviços das Bibliotecas Públicas), e apresentado pela CIMLT à DGLAB, é, no meu ponto de vista, o projeto mais estruturante da rede e, até ao momento, também o mais exigente.

O «BiblioTICs» prevê a formação dos técnicos das Bibliotecas Municipais, capacitando-os para a realização autónoma de ações de promoção das literacias digitais a diferentes níveis, dotando igualmente as bibliotecas de meios tecnológicos adequados e de coleções atualizadas nesta área.

O contrato-programa celebrado tem como tempo de execução previsto o período de 2019 – 2021, contudo, devido à emergente situação de pandemia, o projeto BiblioTICS teve de sofrer nova programação, e obrigou a todos a repensar as estratégias e modalidades de formação, atendendo às restrições e constrangimentos motivados pelas medidas de contenção da pandemia, com reflexos no funcionamento das bibliotecas e demais instituições. Porém, esta situação veio também acentuar a importância deste projeto orientado para a promoção das literacias digitais e reforçar o papel das Bibliotecas, sobretudo no contexto da inclusão social e digital dos cidadãos.

  • Quais são os projetos da rede para o futuro?

O projeto BiblioTICS é o futuro próximo da Rede, mas existem outros projetos para os quais estamos a trabalhar, como é o caso da agregação num único portal dos acervos bibliográficos das várias bibliotecas da Rede, incluindo os acervos das Bibliotecas Escolares. O Catálogo Coletivo da RIBLT representará uma melhoria do serviço de acesso à informação prestado pela rede à comunidade e assume-se como um recurso vital no processo de tornar acessíveis os documentos aos utilizadores/leitores, independentemente da sua localização no território abrangido pela Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), materializado através do Serviço de Empréstimo Interbibliotecas.

A Rede mantém também a intenção de promover o autor local, o livro e a leitura junto da comunidade, dando continuidade à organização da Feira do Autor da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo – FACIL, que teve a sua primeira edição em Maio de 2019, em Almeirim, e cuja segunda edição, prevista para o ano de 2020, em Alpiarça, teve de ser adiada, devido à situação de pandemia.

Retomaremos a realização da FACIL e o objetivo de dar a oportunidade aos autores dos 11 municípios associados de divulgarem as suas obras e, aos seus visitantes, de as conhecerem e adquirirem, assim que se reúnam todas as condições para o fazer.

  • Como vê os serviços de informação do Alentejo e da Lezíria do Tejo no futuro?

Os serviços de informação estão a criar laços de cooperação que até há pouco tempo não existiam e se revelam fundamentais para a melhoria dos seus serviços e do desempenho profissional dos seus técnicos.

O esforço que tem existido por parte dos serviços de informação no trabalho em rede, com o objetivo de obtenção de uma maior coesão entre pares, de partilha de experiências, de rentabilização de recursos humanos e materiais, de formação, de criação de projetos com propósitos comuns que permitem a aproximação entre as comunidades têm conferido uma maior dinâmica às Bibliotecas e uma melhor divulgação e valorização do seu trabalho. Além disso, estão também a criar-se laços humanos entre pessoas que partilham das mesmas vontades e motivações e esta vertente é também ela fundamental para o sucesso destes serviços e dos seus profissionais.

Devido a esta sinergia e ao ponto de ligação que a BAD Alentejo representa para os serviços do seu território de intervenção, creio que os serviços de informação do Alentejo e da Lezíria do Tejo terão condições de superar as limitações sentidas nos seus serviços, principalmente ao nível da formação dos seus profissionais, e de que prosseguir com sucesso a sua missão.

Frase: “Os serviços de informação estão a criar laços de cooperação que até há pouco tempo não existiam.”

A Delegação do Alentejo da BAD

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